Automóvel brasileiro fabricado nos anos 80, e que era tido como o mais sofisticado durante o período da reserva de mercado automobilístico. Foram ao todo 11 modelos, todos eles utilizando mecânica Volkswagen, fabricados pela empresa Besson e Gobbi, de Porto Alegre, até meados dos anos 90.
No Natal de 1975, o projetista e estudante de arquitetura Nilo Laschuk recebeu uma chamada interurbana em sua casa, na cidade de Caxias do Sul (RS). De Porto Alegre vinha uma voz entusiasmada que falava do projeto de um carro esporte. Era Aldo Besson, um dos proprietários da então famosa Aldo Auto Capas, empresa gaúcha especializada em transformar carros nos anos 60. Seu forte eram clientes proprietários de Simca, Aero-Willys, JK e depois os Galaxie e Dodge, que vinham à procura de personalização para seus carros. Vidros verdes, volantes e instrumentos esportivos, além de bancos reclináveis, rodas com tala larga e pinturas especiais - esse era o jeito de se "incrementarem" as máquinas da época. Aos poucos, quando os carros nacionais começaram a sair de fábrica mais equipados, Aldo e seu sócio, Itelmar Gobbi, perceberam que deviam diversificar as atividades da empresa. Foi essa a motivação para o convite feito a Laschuk, que participaria da criação dos primeiros Miura.
Os três entraram o ano de 1976 em meio a esboços do futuro carro. Em pouco tempo o sonho já havia tomado forma, inspirado em esportivos como Lamborghini Countach e Mazda RX5. Na retaguarda mecânica estava o também gaúcho Mariano Brubacher. Profissional com larga experiência adquirida nas competições, ele foi o pai de boa parte das soluções técnicas do carro.
Com desenho em forma de cunha, faróis escamoteáveis e acabamento de primeira, ele causou sensação na primeira aparição pública, no Salão do Automóvel de 1976. Alguns meses depois, QUATRO RODAS experimentou o primeiro Miura, um carro de fibra de vidro montado sobre chassi Volkswagen com motor 1600 refrigerado a ar. Um engenhoso sistema de vácuo descobria os faróis retangulares, que eram fixos para evitar desregulagens. Com instrumentos exclusivos, acabamento interno de alto padrão e mimos como regulagem elétrica de direção, o Miura logo enfileirou compradores.
Uma das características dos Miura era sua constante evolução. Era visível a orientação dos sócios de embarcar nele toda tecnologia disponível no mercado nacional. Visível e audível. Causou espanto o sintetizador de voz, que pronunciava nada menos que sete frases. A novidade avisava que o freio de mão estava acionado e quando estava na hora de parar no posto. Tomava pito e não conseguia dar a partida o motorista que tentasse sair sem usar o cinto. Outra inovação voltada para a segurança foi o uso pioneiro do ABS dentre os nacionais. Nem tanto pelo desenho, que apesar das reestilizações foi perdendo o impacto inicial, eram essas surpresas que mantinham o status do carro em alta.
Como sempre caro, já sem o encanto de sua juventude e confrontado com modelos importados, o Miura deixou de ser fabricado em 1992. Ao longo de 14 anos, foram feitos em torno de 9500 Miura, divididos em 12 modelos, incluindo os X-8, Top Sport e X-11.
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